Hoje, treze de maio é a comemoração da libertação dos escravos. E a escravidão de povos é antiga, não se restringindo aos babilônios, a escravidão também foi utilizada entre os egípcios, assírios, hebreus, gregos e romanos. Falando entre nós: funcionários de comerciantes, empregadas domésticas, agricultores com seus fazendeiros e tantas outras empresas, indústrias, fábricas continuam escravizando. Já não é chamado trabalho, mas serviço escravo. Na Europa foi a Dinamarca, com o rei Ashoka, o primeiro país a libertar os seus escravos, em 1792 – mas a lei criada nessa data só entrou em vigor em 1803. Na América Latina, Toussaint Louverture, o general negro que libertou o Haiti, 95 anos antes, em 1793. A maioria demorou para seguir o pioneiro, e fez suas abolições entre os anos 1830 e 1888. Nos Estados Unidos teve que Abraham Lincoln libertar os escravos, como sabemos sobre a guerra da Sessão custando a sua morte. Na América do Sul No dia 24 de julho de 1823, por iniciativa de José Manuel Infante, foi promulgada a lei que fez do Chile o primeiro país latino-americano a abolir a escravidão. Com a chegada dos conquistadores europeus, a América passou a necessitar de mão de obra barata. O Brasil foi o último país da América Latina a libertá-los. E isso ainda, continua veladamente. O primeiro Estado brasileiro a abolir seus escravos foi o Ceará Manuel Sátiro de Oliveira Dias, era o presidente da província do Ceará quando da libertação dos escravos de todo o estado em 25 de março de 1884. O Ceará foi a primeira província a abolir a escravidão no país. Pense sobre este dia em que a Princesa Isabel assinou oficialmente a lei áurea para acabar com o sofrimento dos escravos. O que você tem a dizer sobre isso nessa data que é um marco para a liberdade no Brasil? Foi pensando nessas pessoas que sofrem que Johann Mortiz Rugendas pintou está linda tela para expressar sua compaixão e beleza sobre os escravos no Brasil. Não podemos esquecer estes grandes abolicionistas que lutaram contra a escravidão no Brasil: Luiz Gama, Joaquim Nabuco, André Rebouças, José do Patrocínio e Castro Alves. Como escritora indico a vocês que leiam Castro Alves, o poeta dos escravos* principalmente sua obra: Navio Negreiro. Eis um trecho de seu poema. Castro Alves O Navio Negreiro I 'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço Brinca o luar — dourada borboleta; E as vagas após ele correm... cansam Como turba de infantes inquieta. 'Stamos em pleno mar... Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro... O mar em troca acende as ardentias, — Constelações do líquido tesouro... 'Stamos em pleno mar... Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes... Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas, Veleiro brigue corre à flor dos mares, Como roçam na vaga as andorinhas... Donde vem? onde vai? Das naus errantes Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? Neste saara os corcéis o pó levantam, Galopam, voam, mas não deixam traço. Bem feliz quem ali pode nest'hora Sentir deste painel a majestade! Embaixo — o mar em cima — o firmamento... E no mar e no céu — a imensidade! Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! Que música suave ao longe soa! Meu Deus! como é sublime um canto ardente Pelas vagas sem fim boiando à toa! Homens do mar! ó rudes marinheiros, Tostados pelo sol dos quatro mundos! Crianças que a procela acalentara No berço destes pélagos profundos! Esperai! esperai! deixai que eu beba Esta selvagem, livre poesia Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, E o vento, que nas cordas assobia... .......................................................... Por que foges assim, barco ligeiro? Por que foges do pávido poeta? Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira Que semelha no mar — doudo cometa! Albatroz! Albatroz! águia do oceano, Tu que dormes das nuvens entre as gazas, Sacode as penas, Leviathan do espaço, Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas. Obs.: “Leia a Biografia de Castro Alves. Poeta baiano que morreu cedo, aos vinte e quatro anos.” Tela Jogo de Capoeira, de Johann Moritz Rugendas (1802-1858)

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