Sorriso e pranto

Posso escrever umas estrofes rimadas,
fosforescentes, caladas.
Como meus olhos, que brilham,
como os meus lábios, que falam.


Estou certa que vivo
num paraíso perdido.
Numa parte do dia é pranto
e na outra só sorriso.

Eu amo esse povo carioca
de liberdade e opinião.
Se não me aceita, tem o meu pranto,
Muito pranto, do outro lado eterno perdão.

Ás vêzes, em que me elevo
as grey clouds desta cidade,
minha alma pranteia e diz:
Sol porque não brilha,
Teci, porque não ris?

Silencioso, meu grito ecoa
Num pranto terrível que destoa,
novamente o sol não brilha,
outra vez, Teci não ris.

Carioca, Deus revigora
de unção, porque Deus quis
salvar, nunca é tarde para o perdão,
nunca é tarde para amar.

Meu sorriso é incompleto,
mas verdadeiro e descoberto,
tem em Campo Grande a alegria,
e nas ruas a melancolia.

Deus que, distante, olha
a alegria e melancolia
Dá-lhe, às vêzes o sorriso,
mas castiga na apatia.

Mesmo assim, acredito, via Deus
nas ruas em que saía
nos meus olhos a prantear,
nos meus lábios, quando, sorriam.

Os carros ligeiros e aos montes
sumiam nas estradas deste horizonte,
por causa dos meus olhos a prantear,
por causa dos meus lábios que sorriam.

Então peço à Deus um equilíbrio,
Não me punas por ser humana,
Nas horas em que pranteio,
Nas horas em que sorrio.

E desta forma vivo a vida,
Fazendo poesia,
tentando encontrar Deus,
nas garras da melancolia.

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