Virgínia Woolf, não há outra na Literatura....
Este semestre, estava tentando fazer minha monografia sobre Virgínia Woolf.
Pensei que fosse um tema corriqueiro e que eu encontraria vasto material em minha pesquisa bibliográfica. Mas me enganei, apesar de muitos autores terem traduzido e escrito sobre Virgínia não foi fácil encontrar obras que me dessem informações suficientes para minha bibliografia.
Mas graças à Deus existem os e-books. As obras em pdf me deram suporte e pude lê-las e extrair tudo que precisava. Um arsenal de literatura garantiu meu trabalho acadêmico, que talvez não será concluído por minha desistência do curso. Mas valeu a pena saber muito sobre Virgínia Woolf.
A tradutora Vera Ribeiro traduziu "A Room of One's Own" que em português quer dizer:Um Teto Todo Seu, obra que dissequei durante este inverno.
Fiquei surpresa por saber que nem todos acadêmicos que cursam Inglês conhecem Virgínia Woolf. Qual seria o motivo dessa falta?
Uma vez, minha primeira Profª de Teoria Literária me disse: Leiam! Leia tudo! E o meu Profº de Literatura Portuguesa nos deu até uma pequena lista de alguns livros básicos e essenciais na vida de um acadêmico: A Bíblia, A Divina Comédia, Odisséia, Os Lusíadas e ainda outros que me falha a memória no momento... O meu querido e inesquecível Profº nos aconselhava a ler até bula de remédio. Mas eu já seguia seu conselho antes mesmo de ouví-lo. Quando adolescente saia lendo desenfreadamente sem saber como parar. Não me importava as regras do português, ou as fórmulas de química e matemática.
( O texto abaixo foi extraído do e-book, Um Teto Todo Seu)
Numa página de seus "Diários", escritos entre 1915 e 1941, Virginia Woolf alude ao "inimigo escondido atrás da cortina da vida cotidiana". Para ela, esse inimigo foi uma presença constante. Atormentada, vivendo em meio a uma série de crises de depressão, tentou o suicídio três vezes. Mas todas as terríveis dificuldades que enfrentou não puderam impedi-la de exercer seu poder criativo e construir uma das obras mais inovadoras do século XX
Filha de um refinado intelectual vitoriano, Sir Leslie Stephen, Virginia Woolf nasceu a 25 de janeiro de 1882, em Londres. Nos anos de formação, a liberdade intelectual permitida pelo pai compensava certas proibições impostas às mulheres da família. Adolescente de saúde frágil e vulnerável, não fez estudos regulares e recebeu uma atenção especial de Sir Leslie. Esses cuidados foram redobrados quando, aos catorze anos, sobreveio um sério abalo psicológico causado pela morte da mãe, Julia Duckworth. Nessa mesma época, Virginia sofreu outro choque: quase foi estuprada por seu meio irmão, George. E, em seguida, testemunhou a loucura de Laura, também uma meia irmã. Mas foi na família que encontrou uma aliada fiel e devotada: a irmã Vanessa. Em sua casa, no bairro de Bloomsbury, formou-se um círculo de intelectuais e artistas que iriam exercer uma influência renovadora no ambiente cultural da Inglaterra.
Entre os membros mais importantes, estavam os romancistas E. M. Forster e Lytton Strachey, o crítico e pintor Roger Fry, o economista John Maynard Keynes. As transformações que atingiam a arte, a ciência e o comportamento no início do século eram o objeto das conversas e discussões no interior do "círculo de Bloomsbury". Aí, entre assuntos que iam das teorias de Freud à emancipação das mulheres e às conquistas da vanguarda, Virgínia encontrava com freqüên-139 cia o jornalista Leonard Woolf, um socialista, com quem se casou em 1912.
Os dois alugaram uma fazenda em Sussex, onde Virgínia encontrou a tranqüilidade necessária para escrever. Em 1915, lançou seu primeiro livro: "A viagem", história de uma mulher que abandona a segurança doméstica em busca de uma vida mais autêntica e gratificante. Durante a Primeira Guerra Mundial, o "círculo de Bloomsbury" desarticulou-se temporariamente. Mais tarde, seus integrantes voltaram a reunir-se, aprofundando o compromisso de liberdade espiritual, inconformismo social e renovação artística. Em 1917, Virgínia e Leonard fundaram a Hogarth Press, uma editora que publicou as obras de Proust, Freud, Katherine Mansfield, T. S. Eliot, Rilke e outros. Lançado pela Hogarth, seu segundo romance, "Noite e dia" (1919), já antecipa os elementos essenciais da estrutura narrativa da autora. A objetividade do relato cede lugar à exploração profunda dos movimentos mais íntimos da consciência de suas personagens.
A heroína, Katherine Hilbery, questiona-se sobre o valor do casamento e as limitações que traz à independência da mulher. Embora fosse arredia às questões políticas, Virgínia participou da Liga do Trabalho Feminino. A partir de "O quarto de Jacó" (1922), o emprego do monólogo interior iluminando a apresentação imediata do fluxo da consciência consolida-se na ficção da escritora.
Em seus livros mais importantes, está presente um procedimento renovador: o enredo ê praticamente dissolvido, reduzindo-se a um fio mínimo, a uma espécie de atmosfera que liga as personagens. Um acontecimento exterior qualquer desencadeia idéias e seqüências de idéias que levam a personagem a mover-se com liberdade na consciência, transitando do passado ao presente e vice-versa. Essa técnica encontra-se plenamente desenvolvida em "Mrs. Dalloway" (1925), "Passeio ao farol" (1927), "Orlando", "As ondas" (1931) e "Entre os atos" (1941), Em "Um teto todo seu", ensaio publicado em 1929, Virginia examina com lúcida paixão a condição feminina, a opressão da mulher aprisionada pela situação familiar e pela estrutura patriarcal. Ao mostrar como essa dominação impediu o desenvolvimento da mulher, Virgínia criou uma situação, à guisa de exemplo, que se tornou famosa.
A irmã de Shakespeare, tão talentosa quanto o irmão, vive subjugada a tarefas domésticas, e todos os seus esforços são esmagados pela família. Desesperada, ela se suicida. Mais tarde, escreveu um outro ensaio, "Three guineas" (1930), em que estabelece um paralelo entre a opressão da mulher e outras opressões, políticas e sociais. Com as violências e misérias da Segunda Guerra Mundial, o precário equilíbrio psicológico de Virginia desmorona. A angústia acentua-se, as depressões chegam a um ponto insuportável. No dia 28 de março de 1941, atira-se nas águas do rio Ouse. "Tenho a impressão de que vou ficar louca. Ouço vozes e não posso concentrar-me no trabalho. Lutei, mas não posso continuar"; esse é um trecho do bilhete que deixou e foi encontrado junto a um chapéu e uma bengala, a beira do rio. Da autora, o Círculo já publicou "Orlando", "Noite e dia" e "Passeio ao farol".
Pensei que fosse um tema corriqueiro e que eu encontraria vasto material em minha pesquisa bibliográfica. Mas me enganei, apesar de muitos autores terem traduzido e escrito sobre Virgínia não foi fácil encontrar obras que me dessem informações suficientes para minha bibliografia.
Mas graças à Deus existem os e-books. As obras em pdf me deram suporte e pude lê-las e extrair tudo que precisava. Um arsenal de literatura garantiu meu trabalho acadêmico, que talvez não será concluído por minha desistência do curso. Mas valeu a pena saber muito sobre Virgínia Woolf.
A tradutora Vera Ribeiro traduziu "A Room of One's Own" que em português quer dizer:Um Teto Todo Seu, obra que dissequei durante este inverno.
Fiquei surpresa por saber que nem todos acadêmicos que cursam Inglês conhecem Virgínia Woolf. Qual seria o motivo dessa falta?
Uma vez, minha primeira Profª de Teoria Literária me disse: Leiam! Leia tudo! E o meu Profº de Literatura Portuguesa nos deu até uma pequena lista de alguns livros básicos e essenciais na vida de um acadêmico: A Bíblia, A Divina Comédia, Odisséia, Os Lusíadas e ainda outros que me falha a memória no momento... O meu querido e inesquecível Profº nos aconselhava a ler até bula de remédio. Mas eu já seguia seu conselho antes mesmo de ouví-lo. Quando adolescente saia lendo desenfreadamente sem saber como parar. Não me importava as regras do português, ou as fórmulas de química e matemática.
( O texto abaixo foi extraído do e-book, Um Teto Todo Seu)
Numa página de seus "Diários", escritos entre 1915 e 1941, Virginia Woolf alude ao "inimigo escondido atrás da cortina da vida cotidiana". Para ela, esse inimigo foi uma presença constante. Atormentada, vivendo em meio a uma série de crises de depressão, tentou o suicídio três vezes. Mas todas as terríveis dificuldades que enfrentou não puderam impedi-la de exercer seu poder criativo e construir uma das obras mais inovadoras do século XX
Filha de um refinado intelectual vitoriano, Sir Leslie Stephen, Virginia Woolf nasceu a 25 de janeiro de 1882, em Londres. Nos anos de formação, a liberdade intelectual permitida pelo pai compensava certas proibições impostas às mulheres da família. Adolescente de saúde frágil e vulnerável, não fez estudos regulares e recebeu uma atenção especial de Sir Leslie. Esses cuidados foram redobrados quando, aos catorze anos, sobreveio um sério abalo psicológico causado pela morte da mãe, Julia Duckworth. Nessa mesma época, Virginia sofreu outro choque: quase foi estuprada por seu meio irmão, George. E, em seguida, testemunhou a loucura de Laura, também uma meia irmã. Mas foi na família que encontrou uma aliada fiel e devotada: a irmã Vanessa. Em sua casa, no bairro de Bloomsbury, formou-se um círculo de intelectuais e artistas que iriam exercer uma influência renovadora no ambiente cultural da Inglaterra.
Entre os membros mais importantes, estavam os romancistas E. M. Forster e Lytton Strachey, o crítico e pintor Roger Fry, o economista John Maynard Keynes. As transformações que atingiam a arte, a ciência e o comportamento no início do século eram o objeto das conversas e discussões no interior do "círculo de Bloomsbury". Aí, entre assuntos que iam das teorias de Freud à emancipação das mulheres e às conquistas da vanguarda, Virgínia encontrava com freqüên-139 cia o jornalista Leonard Woolf, um socialista, com quem se casou em 1912.
Os dois alugaram uma fazenda em Sussex, onde Virgínia encontrou a tranqüilidade necessária para escrever. Em 1915, lançou seu primeiro livro: "A viagem", história de uma mulher que abandona a segurança doméstica em busca de uma vida mais autêntica e gratificante. Durante a Primeira Guerra Mundial, o "círculo de Bloomsbury" desarticulou-se temporariamente. Mais tarde, seus integrantes voltaram a reunir-se, aprofundando o compromisso de liberdade espiritual, inconformismo social e renovação artística. Em 1917, Virgínia e Leonard fundaram a Hogarth Press, uma editora que publicou as obras de Proust, Freud, Katherine Mansfield, T. S. Eliot, Rilke e outros. Lançado pela Hogarth, seu segundo romance, "Noite e dia" (1919), já antecipa os elementos essenciais da estrutura narrativa da autora. A objetividade do relato cede lugar à exploração profunda dos movimentos mais íntimos da consciência de suas personagens.
A heroína, Katherine Hilbery, questiona-se sobre o valor do casamento e as limitações que traz à independência da mulher. Embora fosse arredia às questões políticas, Virgínia participou da Liga do Trabalho Feminino. A partir de "O quarto de Jacó" (1922), o emprego do monólogo interior iluminando a apresentação imediata do fluxo da consciência consolida-se na ficção da escritora.
Em seus livros mais importantes, está presente um procedimento renovador: o enredo ê praticamente dissolvido, reduzindo-se a um fio mínimo, a uma espécie de atmosfera que liga as personagens. Um acontecimento exterior qualquer desencadeia idéias e seqüências de idéias que levam a personagem a mover-se com liberdade na consciência, transitando do passado ao presente e vice-versa. Essa técnica encontra-se plenamente desenvolvida em "Mrs. Dalloway" (1925), "Passeio ao farol" (1927), "Orlando", "As ondas" (1931) e "Entre os atos" (1941), Em "Um teto todo seu", ensaio publicado em 1929, Virginia examina com lúcida paixão a condição feminina, a opressão da mulher aprisionada pela situação familiar e pela estrutura patriarcal. Ao mostrar como essa dominação impediu o desenvolvimento da mulher, Virgínia criou uma situação, à guisa de exemplo, que se tornou famosa.
A irmã de Shakespeare, tão talentosa quanto o irmão, vive subjugada a tarefas domésticas, e todos os seus esforços são esmagados pela família. Desesperada, ela se suicida. Mais tarde, escreveu um outro ensaio, "Three guineas" (1930), em que estabelece um paralelo entre a opressão da mulher e outras opressões, políticas e sociais. Com as violências e misérias da Segunda Guerra Mundial, o precário equilíbrio psicológico de Virginia desmorona. A angústia acentua-se, as depressões chegam a um ponto insuportável. No dia 28 de março de 1941, atira-se nas águas do rio Ouse. "Tenho a impressão de que vou ficar louca. Ouço vozes e não posso concentrar-me no trabalho. Lutei, mas não posso continuar"; esse é um trecho do bilhete que deixou e foi encontrado junto a um chapéu e uma bengala, a beira do rio. Da autora, o Círculo já publicou "Orlando", "Noite e dia" e "Passeio ao farol".
Comentários