Algumas respostas....
Nós estamos sempre buscando respostas para algumas perguntas: De onde viemos? Para onde vamos? Há vida depois da morte?
Eu gostaria muito de saber escrever e tenho a mim mesma como público (ACREDITO?!). Eu penso e logo escrevo. Meus estudos médio, fundamental e alguns anos de academia me foram suficientes para saber ouvir, esperar, questionar e juntar as letras.
Cada dia aprendo a ouvir: ouvir o vento, a porta batendo, o cachorro latindo, alguém explicando e conversando. E espero, espero os insghits e as respostas das questões. E então surge os questionamentos: Quem? onde? Por que? Como? Quando? Eu queria não pensar. Não perguntar nada e aceitar as coisas como são, mas isso é impossível para minha cabeça dura.
Tive muita sorte com alguns professores. O que eu mais amei faleceu a muito tempo. Seu nome era Procópio. Meu querido Profº Procópio. Nunca vi tanto conhecimento em um homem só. Apesar de ter deixado a escola onde ele lecionava, mantivemos nos correspondendo por um longo tempo. Ele lecionava em Marcionílio Sousa, depois mudou-se para Serrolândia-Ba e eu em Barrocas. Meu amado Mestre me ensinou muito e por um longo tempo fomos alvo de comentários na cidade. Eu com apenas 14,15 ou 16 anos, não me lembro exatamente a data, foi na minha adolescência, e ele um senhor com seus 60 anos. Chamavam-no pedófilo, mas ele não se importava. Com ele aprendi sobre João Bunyon, o Órion, o Cruzeiro do Sul, Guimarães Rosa, Martin Luther King e muitos outros.
Ele um dia escandalizou a classe quando pediu que um de seus alunos guardasse a sua boceta rsrsrsrsrsrssr. Éramos muito ignorantes, confesso que ainda sou. Os gritos e sussurros fizeram com que meu professor encerrasse a aula naquele instante. Meu querido professor me fazia crescer mesmo nos meus momentos mais impetuosos. Nessa época minha mãe estava se tratando em São Paulo. Ela tinha um sério problema de saúde que nenhum médico conseguia descobrir. Em suas crises, ela deixava a comida que estava preparando e saia andando sem destino. Eu e meus irmãos víamos aquilo e não entendíamos muito bem. Só sabíamos que nossa mãe não estava bem, somos 8 filhos. Sofri muito com a falta da minha mãe, e ainda sofro, quer dizer todos nós sofremos muito. Não é bom para um filho viver longe de sua mãe. Me refiro às mães. Porque nossa fonte de carinho vem delas, o pai é bem-vindo, mas mãe é mãe.
E alí em Marcionílio Souza, eu tinha o carinho do meu amigo Profº Procópio, que nunca foi pedófilo, muito pelo contrário, foi um homem decente, íntegro e muito culto. Eu confiava a ele os meus segredos, os meus sonhos e anseios. Ele era a melhor companhia naquele momento. Alguém pode perguntar: Por que não confiava suas inseguranças a seu pai e a seu marido atualmente? Porque para as pessoas que convivemos devemos dar o nosso melhor, não nossas dúvidas. Meu Profº preenchia a falta da minha mãe. Ele me fazia rir com suas piadas incompreensíveis e por isso ele ria também. Ele sempre me convidava para tomar guaraná champagne e eram momentos maravilhosos. Por que será que algumas pessoas não acreditam em amizades? Foi com ele que aprendi algumas artimanhas.
Meu Profªº faleceu de infarto, numa sala de aula. Eu sonhava um dia ingressar numa Universidade e ele me disse que eu conseguiria. Mas ele não me afirmou se eu concluiria. Um dia, ele me disse com todas as Letras: Zípora, depois que o Espírito Santo chegou pra ficar na terra, ela não é mais a mesma. Eu não entendia naquele momento, mas eu ouvia calada e depois o bombardeava de perguntas.
Um dia meu doce Profº me disse: Se você quer saber se seu amigo é confiável, conte-lhe um segredo, de preferência um conto com seus pontos e depois veja onde essa história vai parar. E assim tenho feito. O meu Profº dizia: Não se deve mentir. Mas e os pontos? Dava um nó em minha cabeça. Anos mais tarde vim entendê-lo quando li "Quem Conta um Conto", brilhante conto de Machado de Assis.
Estou escrevendo isso porque sinto uma necessidade de dizer que nunca traí meu marido, embora algumas vêzes ele tenha merecido. Depois de ler sobre Capitolina, nenhuma mulher será a mesma. Às vêzes a ficção transcende a realidade e outras é pura e simples ficção.
Será que tenho cara de adúltera? Será que tenho olhos de Capitolina?
Fico imaginando como deveria ser difícil para Capitu conviver com um homem, que imaginem, foi criado por três viúvos ranzinzas, desconfiando o tempo todo de seu caráter, com um ciúme excessivo... Capitu só poderia ser dissimulada, pois encontrou em Escobar alguns momentos de alegria e confiança. Escobar era jovial e Bentinho simples cãs.
Hoje entendo o porquê do Ursão de Veríssimo, dos domingos de Silvio Santos e outras coisas que venho presenciando e engolido sem ter entendido os motivos. Um Ursão psicólogo que eu recorria algumas vêzes para esclarecer dúvidas e me fazer entender as atitudes de algumas pessoas e minha fragilidade emocional. Não só a este "Ursão" mas a outros Professores também.
E é para isso que alguns professores ensinam? Para tripudiar de seus problemas? Fazer explanações maldosas a seu respeito? Sucitar dúvidas com relação a sua fidelidade? Eu não me interesso a respeito do estado civil das pessoas, se são solteiras ou casadas. Em que lugar em mim está escrito infiel? Não quero fazer parte de nenhum grupo religioso? Minha fé varia mais que o meu humor.
Meu inesquecível Procópio nunca me disse para ler Canetti, assim eu saberia que tenho alma de poeta e faro de cão. Passei um longo tempo querendo conhecer Elias Canetti. Mas como? Nas cidadelas onde morei nem banca de jornal tinha... O tempo passou e esqueci-me do cão de Canetti.
Ontem queria ler "Paula (Carta a Paula)" de Isabel Allendi e então, finalmente, chega as minhas mãos Elias Canetti que eu já havia esquecido. E estou lendo " A Consciência das Palvras" prêmio Nobel e lembrando de tudo. O nosso passado, quer dizer, quem tem um passado, pede uma expiação. E o meu nunca terá. Porque só há expiação em quem peca e não me considero pecadora. Me vejo apenas como uma medrosa. Porque há um sistema inteiro querendo surpreender o "bode expiatório". E esse bode sou eu. Amanhã será outro. Mas se procurarem direito encontrarão uma adúltera fácil, fácil. Eu poderia citar dezenas, mas isso não é da minha conta. O que seria do Brasil sem a política democrática? Pena que meu marido vai ler isso aqui e vai continuar sem entender. Ou simplismente vai dizer olhando em meus olhos: Eu confio em você. Isso nos daria uma boa indenização e poderíamos comprar uma boa casa em Barrocas.
Como disse a mulher em Veríssimo: "Eu não conheço nenhum urso!" e parafraseando Canetii tenho alma de cão, e se enquadra em mim as alegorias caníttica, em minha alma poética há: vício por leitura, representatividade e quem dera estar frente do meu tempo.
Eu gostaria muito de saber escrever e tenho a mim mesma como público (ACREDITO?!). Eu penso e logo escrevo. Meus estudos médio, fundamental e alguns anos de academia me foram suficientes para saber ouvir, esperar, questionar e juntar as letras.
Cada dia aprendo a ouvir: ouvir o vento, a porta batendo, o cachorro latindo, alguém explicando e conversando. E espero, espero os insghits e as respostas das questões. E então surge os questionamentos: Quem? onde? Por que? Como? Quando? Eu queria não pensar. Não perguntar nada e aceitar as coisas como são, mas isso é impossível para minha cabeça dura.
Tive muita sorte com alguns professores. O que eu mais amei faleceu a muito tempo. Seu nome era Procópio. Meu querido Profº Procópio. Nunca vi tanto conhecimento em um homem só. Apesar de ter deixado a escola onde ele lecionava, mantivemos nos correspondendo por um longo tempo. Ele lecionava em Marcionílio Sousa, depois mudou-se para Serrolândia-Ba e eu em Barrocas. Meu amado Mestre me ensinou muito e por um longo tempo fomos alvo de comentários na cidade. Eu com apenas 14,15 ou 16 anos, não me lembro exatamente a data, foi na minha adolescência, e ele um senhor com seus 60 anos. Chamavam-no pedófilo, mas ele não se importava. Com ele aprendi sobre João Bunyon, o Órion, o Cruzeiro do Sul, Guimarães Rosa, Martin Luther King e muitos outros.
Ele um dia escandalizou a classe quando pediu que um de seus alunos guardasse a sua boceta rsrsrsrsrsrssr. Éramos muito ignorantes, confesso que ainda sou. Os gritos e sussurros fizeram com que meu professor encerrasse a aula naquele instante. Meu querido professor me fazia crescer mesmo nos meus momentos mais impetuosos. Nessa época minha mãe estava se tratando em São Paulo. Ela tinha um sério problema de saúde que nenhum médico conseguia descobrir. Em suas crises, ela deixava a comida que estava preparando e saia andando sem destino. Eu e meus irmãos víamos aquilo e não entendíamos muito bem. Só sabíamos que nossa mãe não estava bem, somos 8 filhos. Sofri muito com a falta da minha mãe, e ainda sofro, quer dizer todos nós sofremos muito. Não é bom para um filho viver longe de sua mãe. Me refiro às mães. Porque nossa fonte de carinho vem delas, o pai é bem-vindo, mas mãe é mãe.
E alí em Marcionílio Souza, eu tinha o carinho do meu amigo Profº Procópio, que nunca foi pedófilo, muito pelo contrário, foi um homem decente, íntegro e muito culto. Eu confiava a ele os meus segredos, os meus sonhos e anseios. Ele era a melhor companhia naquele momento. Alguém pode perguntar: Por que não confiava suas inseguranças a seu pai e a seu marido atualmente? Porque para as pessoas que convivemos devemos dar o nosso melhor, não nossas dúvidas. Meu Profº preenchia a falta da minha mãe. Ele me fazia rir com suas piadas incompreensíveis e por isso ele ria também. Ele sempre me convidava para tomar guaraná champagne e eram momentos maravilhosos. Por que será que algumas pessoas não acreditam em amizades? Foi com ele que aprendi algumas artimanhas.
Meu Profªº faleceu de infarto, numa sala de aula. Eu sonhava um dia ingressar numa Universidade e ele me disse que eu conseguiria. Mas ele não me afirmou se eu concluiria. Um dia, ele me disse com todas as Letras: Zípora, depois que o Espírito Santo chegou pra ficar na terra, ela não é mais a mesma. Eu não entendia naquele momento, mas eu ouvia calada e depois o bombardeava de perguntas.
Um dia meu doce Profº me disse: Se você quer saber se seu amigo é confiável, conte-lhe um segredo, de preferência um conto com seus pontos e depois veja onde essa história vai parar. E assim tenho feito. O meu Profº dizia: Não se deve mentir. Mas e os pontos? Dava um nó em minha cabeça. Anos mais tarde vim entendê-lo quando li "Quem Conta um Conto", brilhante conto de Machado de Assis.
Estou escrevendo isso porque sinto uma necessidade de dizer que nunca traí meu marido, embora algumas vêzes ele tenha merecido. Depois de ler sobre Capitolina, nenhuma mulher será a mesma. Às vêzes a ficção transcende a realidade e outras é pura e simples ficção.
Será que tenho cara de adúltera? Será que tenho olhos de Capitolina?
Fico imaginando como deveria ser difícil para Capitu conviver com um homem, que imaginem, foi criado por três viúvos ranzinzas, desconfiando o tempo todo de seu caráter, com um ciúme excessivo... Capitu só poderia ser dissimulada, pois encontrou em Escobar alguns momentos de alegria e confiança. Escobar era jovial e Bentinho simples cãs.
Hoje entendo o porquê do Ursão de Veríssimo, dos domingos de Silvio Santos e outras coisas que venho presenciando e engolido sem ter entendido os motivos. Um Ursão psicólogo que eu recorria algumas vêzes para esclarecer dúvidas e me fazer entender as atitudes de algumas pessoas e minha fragilidade emocional. Não só a este "Ursão" mas a outros Professores também.
E é para isso que alguns professores ensinam? Para tripudiar de seus problemas? Fazer explanações maldosas a seu respeito? Sucitar dúvidas com relação a sua fidelidade? Eu não me interesso a respeito do estado civil das pessoas, se são solteiras ou casadas. Em que lugar em mim está escrito infiel? Não quero fazer parte de nenhum grupo religioso? Minha fé varia mais que o meu humor.
Meu inesquecível Procópio nunca me disse para ler Canetti, assim eu saberia que tenho alma de poeta e faro de cão. Passei um longo tempo querendo conhecer Elias Canetti. Mas como? Nas cidadelas onde morei nem banca de jornal tinha... O tempo passou e esqueci-me do cão de Canetti.
Ontem queria ler "Paula (Carta a Paula)" de Isabel Allendi e então, finalmente, chega as minhas mãos Elias Canetti que eu já havia esquecido. E estou lendo " A Consciência das Palvras" prêmio Nobel e lembrando de tudo. O nosso passado, quer dizer, quem tem um passado, pede uma expiação. E o meu nunca terá. Porque só há expiação em quem peca e não me considero pecadora. Me vejo apenas como uma medrosa. Porque há um sistema inteiro querendo surpreender o "bode expiatório". E esse bode sou eu. Amanhã será outro. Mas se procurarem direito encontrarão uma adúltera fácil, fácil. Eu poderia citar dezenas, mas isso não é da minha conta. O que seria do Brasil sem a política democrática? Pena que meu marido vai ler isso aqui e vai continuar sem entender. Ou simplismente vai dizer olhando em meus olhos: Eu confio em você. Isso nos daria uma boa indenização e poderíamos comprar uma boa casa em Barrocas.
Como disse a mulher em Veríssimo: "Eu não conheço nenhum urso!" e parafraseando Canetii tenho alma de cão, e se enquadra em mim as alegorias caníttica, em minha alma poética há: vício por leitura, representatividade e quem dera estar frente do meu tempo.
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